29 abril, 2010

Linfócitos


Os linfócitos são as únicas células do corpo capazes de reconhecer e distinguir de modo específico diversos determinantes antigênicos e são, consequentemente, responsáveis por duas características definidoras da resposta imunológica adquirida, especificidade e memória. Várias linhas de pesquisa estabeleceram o papel dos linfócitos como as células intermediárias da imunidade adquirida.

• A imunidade aos microrganismos pode ser transferida de indivíduos imunizados para indivíduos sem imunidade somente por meio dos linfócitos ou dos produtos que eles secretam.

• Algumas imunodeficiências congênitas e adquiridas estão associadas a uma redução dos linfócitos na circulação periférica e nos tecidos linfóides. Além disso, a diminuição acentuada dos linfócitos causada por medicamentos, irradiação ou anticorpos específicos e, mais recentemente, ruptura genética direta em camundongos causa uma diminuição das respostas imunológicas.


• A estimulação de linfócitos por antígenos em meios de cultura causa respostas
in vitro que possuem muitas das características das respostas imunológicas induzidas em condições fisiológicas in vitro.

• O mais importante é o fato de que receptores específicos de alta afinidade para os antígenos são produzidos pelos linfócitos mas não por outras células.


→ Morfologia

Linfócitos inativos, que são células que ainda não foram estimuladas por antígenos, são chamados morfologistas de linfócitos pequenos. O linfócito pequeno tem um diâmetro de 8 a 10 um de diâmetro. Ele possui núcleo grande de cromatina densa e uma fina borda de citoplasmas que contém algumas mitocôndrias, ribossomas e lisossomas, mas nenhuma organela especializada. Antes da estimulação antigênica, os linfócitos pequenos estão em estado de repouso, ou na fase G0 do ciclo celular. Em resposta à estimulação, os linfócitos pequenos em repouso entram na fase G1 do ciclo celular. Eles ficam maiores (diâmetro que varia de 10 a 12 um), apresentam mais citoplasma e organelas e um aumento na quantidade de RNA citoplasmático, sendo chamados de linfócitos grande ou linfoblastos.

→ Classes de Linfócitos

Os linfócitos consistem em populações distintas que diferem quanto às suas funções e a seus produtos protéicos mas que são indistintos morfologicamente. Os linfócitos B, as células que produzem os anticorpos, são assim denominados porque foi descoberto que nos pássaros o seu desenvolvimento ocorre em um órgão chamado bursa de Fabricius. Nos mamíferos não existe um equivalente anatômico da bursa, e os estágios iniciais do desenvolvimento das células B ocorrem na medula óssea. Assim, linfócitos B se referem aos linfócitos derivados da bursa e da medula óssea.

Os linfócitos T, os mediadores da imunidade celular, foram assim chamados porque seus precursores saem da medula óssea e migram para o timo, onde se desenvolvem; os linfócitos T são aqueles que se desenvolvem no timo. Os linfócitos T consistem em dois tipos, linfócitos T auxiliares e linfócitos T citolíticos (ou citotóxicos).

Tanto os linfócitos B quanto os T possuem receptores de antígenos distribuídos em clones, ou seja, existem muitos clones dessas células com especificidades antigênicas diferentes e todos os membros de cada clone expressam receptores antgênicos com a mesma especificidade e que são diferentes dos recepetores deoutros clones. Os genes que codificam os receptores antigênicos dos linfócitos B e T são formados por recombinação de segmentos de DNA durante o desenvolvimento dessas células. A recombinações somáticas geram milhões de genes de receptores diferentes, o que resulta em um repertório altamente diverso de linfócitos. As células NK (natural killer) constituem a terceira população de linfócitos cujos receptores são diferentes dos das células B e T, e desempenham a sua principal função na imunidade natural.

→ Desenvolvimento de Linfócitos

Como todas as células sanguíneas, os linfócitos se originam de células-tronco na medula óssea. Todos os linfócitos passam por estágios complexos de maturação durante os quais expressam receptores antigênicos e adquirem as características funcionais e fenótipicas das células desenvolvidas. Os linfócitos B completam seu desenvolvimento na medula óssea, enquanto os linfócitos T o completam no timo. Após terem completado seu desenvolvimento, as células deixam a medulaóssea ou o timo, entram na circulação e vão semear os órgãos linfóides periféricos. Essas células que completam seu desenvolvimento são chamados de linfócitos virgens ou inativos.

→ Ativação dos Linfócitos

Na resposta imunológica adquirida, os linfócitos inativos são ativados por antígenos e outros estímulos para se diferenciarem em células efetoras e de memória. A ativação dos linfócitos segue uma série de passos sequênciais.

→ Síntese de Novas Proteínas

Logo após a estimulação, os linfócitos começam a transcrever genes que estavam dormentes e a sintetizar uma grande variedade de novas proteínas. Essas proteínas incluem as citocinas (nas células T), que estimulam o crescimento e a diferenciação dos próprios linfócitos e de outras células efetoras; receptores de citocinas, que tornam os linfócitos mais sensíveis à ação das citocinas, e outras proteínas envolvidas na transcrição genética e na divisão celular.

→ Proliferação Celular

Em resposta ao antígeno e aos fatores de crescimento produzidos pelos linfócitos estimulados por antígenos e por outras células, ocorre a divisão por mitose do linfócito específico para o antígeno. Isso resulta na expansão clonal, um processo em que ocorre a proliferação linfocitária e o consequente aumento do tamanho do colne específico para o antígeno.




Fonte: Imunologia Celular e Molecular, Abbas, Lichtman.


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